A proposta do economista Bruni: - aplicar um imposto de 0,05% sobre as transações financeiras para sustentar os países em vias de desenvolvimento
Uma ajuda ao microcrédito por parte da finança especulativa
publicado em cittanuova.it de 29/10/2010

Professor Bruni, em que ponto estamos?
“Recolhemos muitas adesões no mundo acadêmico, econômico e bancário. Muito mais do que pensávamos. Eis porque nos parece o momento oportuno para lançar novamente esta proposta, com maior ponderação e menos urgência do que fizemos há dois anos. Após a proposta feita em 2001 em Gênova pelo Movimento dos Focolares, também graças ao envolvimento das empresas que aderem ao projeto Economia de Comunhão, agora entrámos numa segunda fase, com uma proposta análoga, mas mais partilhada, difundida e articulada. Eu sinto que este é o caminho sobre o qual se deve seguir em frente”.
O que está programado?
“Passados 10 anos, queremos voltar a apresentar o manifesto de Gênova em 2011, mas no Brasil, por ocasião dos vinte anos da Economia de Comunhão, apresentando-a como uma proposta concreta a ser lançada à escala mundial e com maior ênfase. Agora não se trata somente de financiar governos e organizações não governamentais. É preciso dar um impulso à capitalização das milhares de instituições de microfinança existentes nos Países em vias de desenvolvimento e nós, com a rede mundial das empresas de Economia de Comunhão, podemos sustentar este projeto. Além disso, queremos lançar um grande projeto de intercambio entre professores de todo o mundo porque, sem uma educação de qualidade, não se sai da miséria”.
Poderia explicar melhor este projeto de intercâmbio?
“Poderiam ser reforçados os laços entre as várias instituições acadêmicas, que nos países em vias de desenvolvimento são muito frágeis, e financiar projetos de intercâmbio: com professores estrangeiros que poderiam passar um certo período nas suas universidades”.
Entre as vossas propostas, há também a de isentar de impostos os Títulos do Tesouro, para não pesar sobre os cidadãos.
“As economias ou poupanças das famílias não devem estar sujeitas a impostos. Nós propomos sim que cobrem impostos sobre as finanças especulativas, mas não se deve demonizar a finança em geral, porque ela é necessária e não podemos nos esquecer que foi inventada pelos franciscanos na Idade Média. O problema não é só recolher o dinheiro, mas também gastá-lo bem. A finança especulativa nunca parou, nem mesmo durante a crise. Nunca faliu: um pequeno percentual de organizações fechou, mas outros se reciclaram de mil maneiras. Basta pensar no escândalo recente de um banco, salvo por fundos públicos, que continua a pagar bônus enormes aos seus administradores e será sempre assim, pelo menos enquanto não acontecer uma mudança institucional. Não se deve fechar tudo, mas se queremos que as coisas funcionem, é útil um sistema de regras e controles. Como foi dito: não se fazem uma boa sociedade e uma boa economia sem finança, mas fazem-se uma boa sociedade e uma boa economia com uma boa finança, que requer uma regularização por parte dos governos e um novo protagonismo civil por parte das pessoas".